sexta-feira, 23 de maio de 2014

Amargar da saudade

O gosto de menta ainda está na sua boca?
Dois adolescentes que querem enfrentar o mundo, é assim que enxergo tudo que vivemos. Caminhando para o fim, nós dançamos para os céus sem muita preocupação. "Se fossemos uma música, você seria o refrão, porque tenho certeza que todo mundo tem você no pensamento", dizia para mim com um sorriso perigoso, mas ele não sabia que no meio de todo aquele vento que fazia com que nossos cabelos dançassem junto de nós, a única coisa que ocupava a minha cabeça era ele. Ele era o tom, a letra e as notas.
O sol queimava nossa pele tão branca, que quando já estava noite não conseguíamos tocar um ao outro, então, essa era a pior parte de estar no sol. Eu já havia visto suas lágrimas e ele as minhas, mas nunca conseguimos fazer com que a dor sumisse. Talvez ela nunca tenha estado ali, talvez fossemos jovens demais para entender o que é realmente dor, as vezes acho que só estávamos muito machucados. Havia muito sangue quando nos conhecemos... Bem, hoje o único sangue que existe é o que está percorrendo as minhas veias, veias essas que não estão mais ardendo.
O gosto de menta ainda está na sua boca? O meu gosto salgado recém saído do mar ainda está na sua boca? Por favor, me responda!
Sentir falta dos nossos dias de sol é o que mais me aterroriza no verão. Lembrar que seus cabelos não dançam mais com os meus, que os meus agora dançam sós. Meus pés se queimam e dessa vez não há ninguém do meu lado para rirmos disso, não tenho sua risada ecoando nos meus ouvidos. Onde você anda? Talvez eu entenda agora o que é ter um pedaço bom do passado no qual nós nos lembraremos para sempre, talvez você seja o meu verão inesquecível... Mas isso me fere de alguma forma tão arrasadora, que meus dedos não sabem se percorrem em direção à uma lâmina ou se vão até a tecla enter e te enviam tudo aquilo que estou guardando tem tanto tempo.
Eu ainda sinto o gosto de menta. Eu ainda sinto o gosto do seu corpo salgado e do seu sexo explodindo em mim. Eu ainda sinto o seu toque e escuto você pronunciando o meu nome de uma forma que só você sabe fazer. Eu jurava que nosso verão seria tão forte que aqueceríamos todo o inverno. Eu acreditei que era amor, hoje em dia não sei mais se tudo foi amor, foi? Minha boca na sua era amor, mas quando a sua esteve nas de outros, também foi amor? Ou apenas um deslize? Meus pés suportam muito peso, mas com você eu era capaz de dançar, hoje, bem, querido, hoje eu danço... Mas numa corda bamba e sei que posso cair em qualquer momento, triste, não é? Você me colocou no alto quando disse que eu era o refrão, caso fossemos uma música, que todos me tinham no pensamento... Depois de você, ninguém mais me cantou, nem que seja mentalmente. Depois de você o meu céu ficou cinza e meu mar sem ondas.
Duas pessoas diferente e distantes. Duas pessoas que estão no passado, você e eu, duas pessoas que seguiram, talvez, eu tenha ficado para trás, mas tudo bem, não competíamos quando nadávamos, não seria agora.
A minha boca ainda tem gosto de menta, mas também sinto o amargar da saudade.

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