segunda-feira, 22 de julho de 2013

Morri.

Engoli minha fé e desejei sorte pra quem não precisava, fechei os olhos e gritei pra quem não merecia ouvir nem meu sussurro.
Voando sobre aqueles que deveriam vir comigo, eu fui embora. Tracejando um caminho de dor e perdas, eu aguentei tudo tanto tempo calado, o amor que não deu certo, a família que não deu certo, tudo e o nada que não deram certo.
Bebi um pouquinho das lágrimas de todos e acabei me afogando e eu não sabia nadar contra a correnteza, não tive forças. Eu morri.
Morri mais algumas centenas de vezes depois da primeira vez que morri.
Morri por você.
Morri por qualquer um que transou comigo na noite passada.
Morri pelas palavras da minha mãe — Sempre tão cruéis.
Morri de raiva, amor, felicidade e vazio.
Dancei no inferno e cantei no céu.
Meu corpo hoje é meu templo e todos querem cultuá-lo. Minha carne se tornou mais suculenta depois das dores acumuladas, minha boca ficou mais saborosa quando as lágrimas me fizeram afogar. O gosto do paraíso foi o que ela se tornou.
Morri centenas de vezes por não aguentar viver, não aguentar um amor de pouco mais de dois anos e por não aguentar meus dezenove anos de vida — Pessimamente vividos.
Sacrifiquei anjos, coloquei no mundo demônios.
Apaguei o sol e deixei com que só existisse a lua, tirei as estrelas do céu e as engoli junto com a minha fé, o caminho obscuro me raptou e fez isso tudo comigo, matou quem sempre quis morrer, mas o deixou vivendo.
Dirigi rápido pro sul e bombardeei o norte, só porque lá as pessoas me pareciam alegres demais e quando algo é alegre demais eu acabo com a felicidade, porque sou o tipo de pessoa que não sabe viver num dia feliz, numa casa feliz, numa alma feliz. Sempre gostei de ser meio a meio, ou como costumo dizer sempre, sempre preferi viver num status de "sei lá", porque o "sei lá" ninguém nunca sabe o que é, e eu prefiro não saber como eu estou e ultimamente não quero saber como ninguém está.
Fumei homens inteiros, eles estão nos meus pulmões e me fazem tossir. Traguei tudo que eles podiam me oferecer e lhes dei em troca minhas cicatrizes. Cada cicatriz de hoje é um amor de ontem.
Mas ainda, depois de tanto morrer, estou vivo.
Meio vivo.
Mas uma alma inteiramente morta.

sábado, 20 de julho de 2013

Sou

Não sei escrever de pau duro.
Fico muito limitado quando fico excitado. Ou tenho que explodir ou explodir. Sabe? Não consigo me controlar.
Sou mais do que você enxerga. Mais do que as opiniões e talvez ninguém perceba isso. Todo mundo que acha que sou aquilo e até eu mesmo faço com que eles acreditarem. Sou o cara que não escreve de pau duro, entende? O que pensa em ter um apartamento pequeno, com um sofá marrom debaixo da janela e uma cortina quebrando a luz do sol e um quadro abstrato de frente pra ele, só porque quer que as visitas pensem sobre o que o quadro retrata; Muito mais do que você enxerga, eu sou do que eu consigo mostrar, tem uma parte de mim que só eu me permito conhecer, que é o amor incondicional por pequenas coisas, as dores dos outros que são tomadas por mim, dores de desconhecidos que me fazem pensar sobre o mundo que tá agora girando e tendo vários crimes, várias cicatrizes sendo abertas em corações puros. Sou muito mais do que o céu, posso ser o inferno, com demônios que dominam minha alma e me impedem de progredir, as vezes, não sempre, porque também consigo deixar com que os anjos façam do meu corpo sua casa e façam algo bom de vez em quando acontecer.
Sou uma flor que tá murchando, mas com um pouquinho d'água e luz solar ela consegue se manter meio viva e meio morta. E tem sido assim que venho agindo, meio vivo e meio morto, me tornei número um no mundo dos mortos-vivos que não são zumbis, mas sim jovens escritores ou engenheiros, que não tem uma família formada, que tem uma profissão instável, um emocional ferrado, olhos que só sabem se perder na escuridão. Os meus diamantes foram roubados quando o amor acabou, é tipo um fundo do poço, mas dessa vez é um fundo de poço seco, nada de água fria que faz a gente morrer de hipotermia, é estranho quando acaba e a gente não sabe o que fazer com esse vazio que brota no coração, nenhum filme nos ensina a lidar com isso... Nenhuma música é cantada para aqueles que deixam de amar e não sabem como agir. Quando o amor acaba o que a gente faz? Não sei. A gente finge que não acabou? Ou diz pra si mesmo "acabou e é isso aí, bola pra frente". Frente?! Se eu não gostar de ir pra frente? Posso ir pros lados?
Não digo nada antes de pensar, sai tudo assim sem pensar mesmo e doa a quem doer, porém, sempre quem sai dolorido sou eu, minhas palavras são as armas mais letais contra mim, sou péssimo mesmo, estranho, porque eu as vezes sou tão bom pros outros, outros estes que não merecem nada de mim, pois são aqueles tipos de gente mimada e que só quer da gente coisas boas, só quer a gente presente pra suprir o vazio deles e no fundo nos dizem que é amor demais que sentem pela gente e que somos irmãos de alma.
No sexo gosto de nada muito "pétalas jogadas no chão", prefiro uma rua suja e com alguém de preferencia me filmando e colocando na internet. Prefiro a carne do que a alma as vezes, talvez eu mereça ir pro inferno,e quando penso assim não me assusto, porque é a única coisa que eu acho que mereço as vezes, tenho problemas em merecer coisas demais, em receber elogios também.
Esse texto é um auto-retrato, digo, se isso fosse uma tela e as palavras a tinta, seria o meu rosto que eu estaria pintando, mas é papel, não é tinta e sim palavras, mas ainda assim estou me pintando, estou transcrevendo minha alma.
Não sei escrever de pau duro, eu já disse? Mas insisti em escrever isso daqui. Escrever por escrever sem pensar demais, jogar tudo no papel, sem imaginar nada, apenas escrever pra tirar algo de dentro, algo esse que eu não sei, mas faço ideia.
Sou mais do que eu mesmo enxergo, então a gente apaga a luz e esconde esse eu que ninguém vê e que ninguém faz questão de ver, só por precaução, só pra preservar algo de bom.
Porque no fundo, sou menos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Mapa-múndi

Seu sorriso era torto, seus lábios não eram muito finos, porém, também não muito grossos; sua pele era pálida como a minha e seu cabelo negro; seu corpo não era gordo, mas não era magro, ele tinha um tipo de corpo no qual eu admirava, ele tinha um corpo tracejado, um corpo de quem aguentaria uma escalado, ou, uma semana de sexo sem parar, e era daquele tipo de corpo que eu admirava.
Ele falava sem preocupação e sem medo sobre o mundo, claro talvez falasse daquele jeito, por ser meu professor de geografia, talvez falasse daquele jeito porque sabia do que estava falando e nada mais do que isso. Seus olhos durante as aulas eram pra mim, e fora das aulas também, ele me olhava de um jeito intrigante, de como se conhecesse o meu segredo e quisesse que eu o dividisse com ele, e ele não estava tão errado de me olhar assim, pois, no fundo, e no raso, se me permite o trocadilho, eu queria contar-lhe meu segredo. Eu já sabia de todos os seus trejeitos depois de certo tempo estudando com ele, o tipo de sorriso dele, os olhares trocados e muitas vezes sustentados pelo outro, porque era assim que ele dava as aulas, ele dava as aulas única e exclusivamente para mim, e não falo sendo pretensioso, é a verdade, todos já perceberam isso, o único aluno que existe pra ele sou eu e eu gosto disso, nunca me apaixonara por um professor, mas agora era diferente.
Falou das estrelas. Falou do solo. Falou dos fusos horários. Ele era um ótimo professor, se tornara o meu preferido. Desejava-o, e sabia que no fundo ele também me desejava, sei que no fundo ele também precisava daquilo que eu queria, mas eu não sabia como fazer acontecer, não sabia como chegar ao clímax da relação professor-aluno. Então pintara a oportunidade, numa aula sobre satélites, segundo ele é o que mais gostava no estudo da geografia e disse que quem se interessasse ele podia mostrar alguns materiais que ele tinha, mas ninguém manifestou interesse, ninguém até que eu, depois que o sinal tocou e ele desceu as escadas, desci atrás dele e disse:
— Ei, eu quero!
Ele me olhou engraçado, nos seus olhos passaram várias emoções naquela hora e uma delas foi desejo.
— Sobre os satélites, eu me interessei, quero saber mais... — Sorri travesso.
— Ah, sim — Ele também sorriu — Você vai estar aqui de tarde amanhã?
— Não.
— Então eu vou trazer pra você na próxima semana, tudo bem?
— Não posso buscar agora com você?
— P-Pode — Disse gaguejando.
Apenas assenti com a cabeça, como quem diz “então vamos até a sua casa”. Não falamos muito durante o percurso, acho que ele se assustará, porque saber que eu queria mais que os satélites isso já era bem obvio, pois, eu era o único aluno que levava a aula de geografia a sério, eu era o único que olhava pra ele durante as aulas e o único que sorria pra ele depois da aula. Mas acho que ele tinha ficado preocupado, não sei, eu estava saindo com ele durante o horário da escola, então, minha falta as pessoas dariam. Chegando a sua casa ele pede para que eu fique a vontade e eu, como de costume, me faço de tímido, mesmo não sendo, mas sempre me faço de tímido com a tentativa de cativar as pessoas e, acredite, nunca dá errado.
— Sente-se, por favor.
Então me sento de frente pra ele, enquanto olho ao redor, vejo fotografias dele com uma mulher bonita, acho que ele tem namorada, mas pra mim isso não é um grande problema, as paredes são cor de carne e o chão é muito escuro, tem dois quadros acima de um aparador, não sei identificar se as pinturas são barrocas ou sei lá o quê.
— Aqui estão — Me entrega os materiais, com muito cuidado.
— Sabia que eu quase passei pro curso de geografia e decidi fazer depois de suas aulas.
Sua expressão é de admiração.
— Sério?
— Sim.
— Eu reparei mesmo, que você, é o único que leva as minhas aulas a sério.
— É que quando o professor é muito bom, eu levo muito a sério. — E gargalho.
— Por que riu? Não sou tão bom assim? — E ele também ri, porque sabe que é bom até demais.
— Na verdade, você é um ótimo professor, porém, muito bom em prender minha atenção, eu acho, quer dizer... Hmm, acho que se você fosse professor de matemática, seria meu professor favorito também, apesar de ser a matéria mais detestável!
— Pode parar, eu seria um péssimo professor de matemática.
— Mas iria continuar prendendo minha atenção. Agora tenho que ir.
— Não quer comer nada?
O encaro. Comer? Hmm, bom, eu adoraria.
— Não atrapalho?
— Não. Venha, me ajude a preparar alguma coisa... — Me estende a mão inocente.
Vamos para cozinha e lá ele parece estar tão em casa, e quebra ovos e corta legumes e ri e conversa distraído e quase queima a casa, mas por fim fica pronta a comida.
— Vamos beber o quê? — Pergunto.
— Vinho?! Quer dizer, você já tem idade pra beber? — Ele ri, debochado.
Você não me daria bebida alcoólica se eu não tivesse? Facilitaria muito mais as coisas pra você “Sr. Professor”.
— Sim! Já tenho 18! — Quase que faço beicinho.
—Nossa, nem parece que foi ontem que você era uma criança né? — E mais uma vez ri debochado.
Posso até ser novo, mas sei que já fiz muita coisa no qual ele nunca fez! Estou quase que irritado, porém, não consigo me irritar com ele sorrindo.
— Engraçadinho o senhor.
— Eu pareço tão velho assim, pra você me chamar de senhor?
— Sim!
Ele está rindo. Eu também.
— Serve logo esse vinho caramba! — Falo brincando.
— Apressadinho você, hein?!
Ele serve o vinho, e sabe que eu tenho idade pra beber, mas não sabe que eu sou a pessoa mais fraca pra bebida que existe no mundo.
Comemos e rimos, e bebemos quase que cinco copos de vinho, eu estou me sentindo flutuando já e falando sem saber do que falo direito. Ele está normal, acho que ele é um bom bebedor.
— Tudo bem com você? — Me pergunta preocupado.
— Não sei. — E gargalho, muito.
— Acho que você bebeu demais, terei que levar você em casa?
— Não! Não precisa.
— Por que você não toma um banho pra melhorar? O banheiro é ali — aponta pra porta azul marinho — Eu levo pra você a toalha e tudo mais que você precisar e depois você vê se está melhor e vai pra casa, caso contrário eu levo você em casa sim!
Levanto-me e vou pro banheiro, estou apenas de cueca e ele entra sem bater me assustando e solto um grito assustado.
— Ei, calma, sou eu!
— Ah, desculpa.
E dessa vez eu não preciso me fazer de tímido, pois realmente fiquei tímido.
— Quando precisar de ajuda é só me chama.
Tomo meu banho e tudo parece estar girando, não sei, parece que vou cair a qualquer momento e o este momento parece que chegou rápido demais e então caio fazer um barulho estrondoso e não demora muito está ele ali.
— Se machucou?
Não respondo, só olho pra ele, tão cuidadoso, sorte de quem pode tê-lo cuidando.
— Se machucou?!
E por impulso beijo-o. Ele não me afasta, acho que ele entende que estou bêbado e que o admiro demais pra fazer isso. Então me carrega e me leva pro seu quarto e me da uma roupa sua para que eu possa vestir e depois de trocado está secando meu cabelo, com cuidado, sempre com muito cuidado.
—Desculpe. — Digo, débil e envergonhado.
— Não tem o que se desculpar.
— Tenho que ir embora, estraguei tudo.
—Fique mais.
— Ficar mais?
— Sim.
Então ele se deita comigo em sua cama e acho que ele sabe porque vim até a casa dele. E tenho certeza de que ele acha que eu mereço isso que vim buscar, porque ele está muito próximo de mim, sua mão está entre minhas coxas, sinto sua ereção no meu quadril.
— Você também quer isso? — Pergunto.
— Quero.
Então seus lábios estão no meu e sua respiração está mais ritmada. Suas mãos estão tirando as minhas roupas, que na verdade, são as dele, seu corpo nu é lindo, quase que sem pelo, se não fosse o “caminho da felicidade”. Nossas ereções estão juntas, e é muito gostoso tê-las juntas, suas mãos percorrem por todo meu corpo e as minhas também percorrem por todo seu corpo, então eu paro mais uma vez e pergunto:
— Você tinha feito isso antes?
— O quê? Ficar com algum aluno?
— Não. Outro cara.
— Não, nunca... Mas não fale muito, shh... Não pense.
E sua língua invade a minha boca com mais propriedade e sua mão está em minha ereção, ele é voraz. Descendo sua língua pelo meu pescoço, ele para no meu umbigo e eu peço para descer mais. Sua boca chega a minha ereção. Seu céu da boca é mágico. Quente. Molhado. Agora quem faz o caminho de percorrer a língua em um corpo sou eu, sua ereção é maior que a minha e eu não me sinto intimidado, engulo, chupo e sugo.  Tudo rápido. Seu gosto é ótimo. Ele me vira sem com que eu perceba e sua língua percorre minha bunda, bem devagar me provando, gemo baixo e ele pede pra eu ser mais alto, e de repente sinto ele entrar em mim, suas mãos estão segurando as minhas e seus dentes estão rápido em meu pescoço. Urgente. Urrando. Ele se move com maestria, parece um grito de misericórdia, parece que seria a ultima vez que transaríamos e ele é rápido, forte. Sua virilha me pressionando, ele me vira de frente e me fita enquanto está dentro de mim. Sua mão em minha ereção e  movimentava intenso, chegamos juntos, minhas mãos afundadas em seu cabelo e nossas vozes gritando o nome um do outro. Prazer! Ele me levou as estrelas sem que precisasse de satélites. Depois ficamos colados, entrelaçados. Suor e pele. Ficamos ali, por um tempo, ele desenhando em minha perna algum desenho abstrato e invisível, então eu falo:
— Tenho que ir...
— Onde você mora?
— Longe, eu tenho que ir.
— Não pode ficar aqui?
—Quer que eu fique?
—Sim.
Então decido ficar. Decido ficar porque talvez seja só essa vez que ele me peça pra ficar e que ele tenha feito o que fez comigo. Conversamos mais um pouco e tomamos banho juntos e mais uma vez fomos pra cama, ele entrelaçado em mim, ele e eu juntos, colados um no outro, sua respiração lenta e pesada no meu pescoço e dormimos, acordo suando e vejo que ele ainda está em mim, atado como uma criança que tem medo e talvez tivesse medo, medo de nunca mais acontecer o que aconteceu ou medo de que eu fizesse de sua vida um inferno.
Os dias foram se passando e não nos falamos mais, não como antes, eu esqueci os materiais sobre satélite que ele havia dito me emprestar. Fomos aos poucos nos tornando diferentes um com o outro. Então, duas semanas depois do acontecido, indo embora, ele me para na rua, surgindo do nada e fala exasperado, com raiva e confuso:
— Por quê?
— Por quê? O quê?
— Por que você fez isso comigo?
— Nós fizemos juntos. Você poderia muito bem ter me deixado ir embora.
— Mas... Eu quis e eu não sei porque eu quis eu namorava até então, não namoro mais porque eu não consigo parar de pensar em você e isso é errado, não o fato de nós dois sermos dois homens, mas sim o fato de você ser tão mais novo que eu, meu aluno, isso não é certo.
— Eu me apaixonei por você e não pelo professor. Eu conheci você de verdade naquela noite, e eu admiro o professor. A culpa não é sua. Nem minha, e quanto a sua namorada, me desculpe.
— Eu não sei o que fazer...
— Eu queria saber o que fazer também! — Na verdade eu queria dizer que sim, eu sabia o que fazer, era apenas ficar comigo!
E então continuo — Você me fez ser diferente eu nunca me imaginei e nunca quis isso, eu estava vivendo uma vida tão chata e parada e quando eu te vi pela primeira vez e você brincou comigo e me fez rir foi algo que me trouxe de volta pra um mundo menos frio e escuro.
— Naquela noite você trouxe à tona tudo que eu sempre quis, mas sempre tive medo e nunca me permiti viver. Não tinha coragem com outro alguém, e sim com você.
— Então... Isso significa o quê?
— Não sei... Mas se a gente tentar?
— Juntos?
— Sim, você não quer? Fez o que quis aquela noite e agora não quer?
— Na verdade, eu quero isso, mas você sabe que essa cidade pode ser maçante...
— Lembra que estudamos sobre o mapa-múndi? Então, ele é muito grande e em algum lugar dele a gente pode tentar e juntos.

Então aconteceu. O mundo ficou pequeno, mas dessa vez não estava sozinho, estávamos juntos. O aluno no fundo ensinou ao professor sobre a vida que ele tinha medo.
Corremos.
Vivemos.
Percorremos o nosso mundo.

sábado, 6 de julho de 2013

Praga

Gosto desse gosto de cigarro de menta que tem a sua boca, e eu não gostava de gente que fumava até conhecer você. Não gostava porque sempre repugnei o cheiro até mais das doenças que ele pode acarretar. Mas eu gosto do gosto e do cheiro que você fica, gosto de ver a fumaça saindo lentamente da sua boca, é assim que me sinto quando brigamos, saindo lentamente do eixo, me sinto virando fumaça pra você e isso é aterrorizante pra mim.
Prefiro o passado e você também, e talvez, seja isso que tenha me encantado em você, nossos gostosos nostálgicos, preferimos bocas secas, preferimos olhos úmidos.
Dirigimos rápido, não temos medo da batida, na verdade, queremos a batida. Baby, passamos por tanta coisa, fui um adolescente revoltado com a solidão em que eu não vivia mas sempre me coloquei nela e pelo que você vive me contando não foi diferente, então dirija rápido hoje, vamos atrás daquela batida, quero mais do que cem, quero o céu; Dançamos de olhos fechados, mas as vezes nos beijamos de olhos abertos, uma vez ouvi que quem beija de olhos abertos são aqueles que não se adoram, que não sentem paixão alguma, mas não é assim conosco, abrimos os olhos só pra ver que somos de verdade e eu numa particularidade só minha, não nossa, abro os olhos porque quero me certificar que tudo esta sendo real.
Voamos, transcendemos no sexo.
Nós transamos com a alma um do outro, além dos nossos corpos. Deixei meu amor transar com o seu. No amor somos pele e suor, sangue e lágrimas, cicatrizes e novas feridas, somos a paz e o inferno. Duas bombas relógios que se gostam, que se querem, mas não se permitem as vezes. Não se deixam apenas levar-se pela simplicidade do que se é amar.
Batom vermelho foi o que teve no espelho do seu quarto quando houve a nossa primeira briga, você dizia que devíamos morrer por nos amarmos tanto assim, no dia eu não concordei, mas hoje, hoje não vejo outra formar de morrer, se não com você, amando você. É isso, quero morrer com você, ou pelo menos, amando você da forma mais maluca e insana que você pode ser amada e que alguém pode amar outro alguém, sei que os leitores do nosso amor não entendem os cacos que eu escrevo, talvez nem eu entenda, e ainda assim, acredito ser um escritor gigantesco, que saiba colocar nas linhas escritas tudo que é amor, tudo que é meu sangue e nosso suor, sem pudor, sem medo. E talvez eu seja, talvez eu seja o escritor gigantesco que está colocando os pingos nos is da forma mais primitiva de amar: morrendo de amor.
Prefiro os seus olhos aos dos de qualquer outra pessoa. A tristeza que ele captura do mundo misturada com a paixão pelo mundo me faz querer olhá-los pra sempre, gosto de tentar me ver nos seus olhos e gosto de quando eles se enrugam e você gargalha.
Então bata o carro!
Dirija rápido. Sem medo, queremos a batida.
Eu não gosto de cigarros, mas queria fumar você essa noite, queria sentir você saindo fumaça da minha boca. Te quero em meus pulmões, te quero impregnado em mim: dentes, boca, dedos, roupa. Quero que você me cause um enfisema pulmonar de você, me tire o ar, me sufoque de amor. Não devemos ter medo, é apenas amar... Apenas o amor. Vamos lá, me beba, deixa eu ser aquele que te faz enlouquecer, me tatue na sua pele, quero fazer parte de você de alguma forma, porque quando tudo isso acabar não quero ser apenas a fumaça, na verdade eu não quero que nada acabe e eu não quero ser fumaça, eu quero ser chama, eu quero queimar você e deixar marcado o que sou, naquilo que podemos ser.
Beije-me.
Pode ser com o seu gosto de menta, pode ser de qualquer jeito, mas não quero que você se vá. Dirija pra qualquer lugar, mas me leve junto de você.
Nós sabemos que o amor as vezes pode ser doentio, então, sejamos doente, sejamos doentes incuráveis. Sejamos a praga que devasta as plantações, mas que sejamos para sempre.