domingo, 9 de fevereiro de 2014

Azul

Azul.
Minha garganta ainda tem o gosto do seu pau, mas você não se lembra mais de mim.
Suas mãos seguram outras mãos e nenhuma delas são minhas. Um desapontamento me surge no peito, onde todos foram? Onde toda aquela história que tínhamos parou?
Um pouco de maldade, será que eu aguento mais algum corte na minha pele que todos gostam de tocar quando estão carentes? Se eu virasse o fantasma de todos, eu seria para sempre? Porque é isso que eu quero hoje a noite.
Correndo pro meu quarto, as lágrimas me afogam, rímel é o desastre das rainhas que choram, querido, você é apenas uma pedra no meu sapato, porém está no meu sapato favorito e isso me deixa tão triste. Correndo eu não penso, eu grito seu nome. Ainda tenho o gosto do seu pau na minha boca e você já tem outra no seu colo, é tão assustador o jeito que você age como se ela fosse eu, ou será que você age como se todas fossem iguais? Talvez meu ego seja um pouco iludido ao pensar que eu era diferente, só porque eu vestia o azul que te encantou.
Azul.
O céu também é azul.
Eles querem meu corpo, talvez eu entregue a eles, mas eu estou ainda esperando sua volta. Trate-me como as outras, eu aceito. 
Ela canta como eu?
Ela te diverte como eu?
Eu não ligo se formos parecidas, ela não é tão feia. Na verdade ela é até mais bonita, mas volte pra mim, eu mudo meu cabelo, tiro o azul e coloco o vermelho, posso ser má ou boa.
Engula isso, não, não esse, mas esse, quero que você engula meu peito, engula! Não o dela! O meu!
Surto.
Grito.
Não sei onde estou, todos me olham. O que você fez comigo? O que você fez quando disse que tudo havia acabado? Eu tinha acabado te chupar o seu pau!
O fim só existe para aquilo que começou, então isso é uma esperança? Porque o que acaba pode ter um recomeço, então posso vestir o verde e ter algum tipo de esperança?
Não, não faça isso. 
Não grite isso pra ela, dizer que ama é tão forte, que ela não vai aguentar, eu aguento o seu amor, ela não. Você sabe que ela não vai aguentar todas as traições como eu.
Submissa.
Demônia submissa, eu posso ser a dona do inferno junto com você, basta me chamar.
Ela não sou eu, mas agora eu a queria ser, porque sei que todas as noites é ela que você procura, em câmera lenta você sobe e abre suas pernas.
Azul. Azul, querido. 
Foi usando azul que você se encantou e será em azul que você se despedirá de mim.
Bang-bang!
Você disse que eu era tão boazinha e que isso te irritava, lembra? Você me jogava nas paredes e gritava que eu não era pra você, ainda se lembra? Você apontava minhas cicatrizes e dissertava sobre minha fraqueza, eu nunca me esqueci.
Então, vista essa camisa azul, quero que você se despeça em azul.
Bang-bang!
Louca.
Usarei aquela arma que você escondeu no meu quarto há duas semanas atrás, você queria que eu carregasse toda sua culpa.
Bang-bang! Agora você carregará toda minha dor.
Bang!
Bang!
Me despeço em azul, assim eu me torno a dona do inferno que você construiu quando me trocou, mas fique sabendo, que por mais que eu quisesse ser como ela e sempre achasse que ela era melhor que eu, ela não sou eu.